quarta-feira, 1 de julho de 2015

The Witcher, um post sentimental

Se você nunca ouviu o nome Geralt de Rívia e não sabe do que se trata a saga intitulada "The Witcher", meus parabéns, você tem uma das mais incríveis experiências que o entretenimento literário já criou esperando por você e eu de certa forma, o invejo. Basta você decidir se entregar a ela, e a paixão será inevitável.




Não faz muito tempo que me interessei pelo assunto, como acompanho o cenário de lançamentos de jogos digitais, me deparei com os trailers de um jogo que era listado como um dos mais aguardados para o ano de 2015, "The Witcher 3: Wild Hunt". Eu já ouvira falar muito da saga, porém meu conhecimento era quase nulo do cânone existente, e por querer jogar aquele título que tanto prometia, aceitei o desafio de conhecer aquele universo. E assim começou a minha saga..

Originalmente, a obra que depois veio a se popularizar pelo nome de The Witcher, é uma sequência de 7 livros escritos pelo polonês Andrzej Sapkowsky, que depois foi adaptado para a série de vídeo games e que até então possuía 2 jogos lançados. O enredo conta as aventuras do witcher (ou bruxo, em português) Geralt de Rivia, um viajante com habilidades de combate bem específicas que roda o mundo medieval de Temeria e seus arredores em busca de contratos para assassinar monstros ou outras pestes maléficas que por ventura causem problemas a população. A premissa da obra é essa, simples e direta, um caçador de aventuras, que recebe para enfrentar desafios.



Por cerca de 4 meses, estive envolvido na leitura absolutamente cativante da saga literária (dos livros que pude, visto que 3 dos 7 livros ainda não foram traduzidos do polonês). A escrita de Sapkowsky é excelente, ele tem um dom raro de criar situações inesperadas e reviravoltas marcantes. A construção do personagem principal, Geralt é, sem meias palavras, genial, e não é difícil perceber o por quê. Geralt é um personagem dramático, suas origens, que consistem no processo de se tornar um bruxo, são um compilado de tragédias horrendas, ele foi abandonado pela mãe, largado para ser uma experiência mágica bizarra, uma criança colocada sobre provações de sofrimento físico e psicológico absurdas, afim de se tornar forte e ao mesmo tempo frio e sem sentimentos. Geralt é tudo que se precisa para construir um vilão, mas daí resulta o inesperado, que é o grande milagre de sua criação: Geralt é bom, com um senso de justiça e cordialidade simples, mas perfeito. Um herói nato, e ainda detentor de um senso de humor irónico e delicioso. E desse contraste, somado a forma intimista que são colocadas as aventuras dele para o leitor, surge o primeiro sentimento que define a obra. Um afeto arrebatador pelo seu protagonista, Geralt se torna, em pouco tempo, um dos personagens que você mais irá admirar, para sempre.



E é também do contraste que surge o segundo sentimento, que é grande tema da saga, a dúvida. Geralt foi lapidado afim de se tornar uma criatura simples, quando alguém paga e aponta a direção do problema, ele o resolve, e resolver aqui quase sempre significa que algo deve morrer. Bruxos são assim, não tomam partidos em guerras ou conflitos, não entram na briga de ninguém, não sem receber uma boa quantia para isso. Mas diante da simplicidade mecânica que o personagem é moldado, surgem questões que vão além do certo e do errado, que envolvem muitas vezes escolher um "mal menor", um termo utilizado dezenas de vezes ao longo da saga. O mundo de Temeria está em guerra, há conflitos por toda parte, desde minorias raciais sendo perseguidas a batalhas entre reinos em diversas disputas por terra. A princípio seria fácil para Geralt se manter fora de tudo isso, porém tudo muda quando o destino coloca sob sua proteção a pequena Ciri, uma criança de sangue ancestral que possui poderes raros e se torna o centro das atenções de quase todos os poderosos de Temeria. Geralt agora será forçado a fazer escolhas e a se envolver, e o resultado disso será inesperado e épico.





Até então, já teríamos o suficiente para a construção de uma obra incrível, mas The Witcher não para por aí, e levanta dentro do seu contexto medieval, questões sérias do pensamento moderno, como por exemplo, o uso do tempo, o destino, as escolhas da vida e a noção da mortalidade. Devido a sua condição de bruxo, Geralt possui uma longevidade muito prolongada, o que lhe permite passar a saga inteira tendo praticamente a mesma aparência, porém é nas atitudes, nos sentimentos expostos pelo autor, que Geralt mostra sua idade, e ver esse personagem envelhecer, é um espetáculo a parte. Geralt que já começa um personagem feito, será remodelado por suas experiências, e tudo que ele vivência o altera, o crescimento dele é natural, orgânico, humano. Outro ponto a se ressaltar, é a vida amorosa de Geralt. Dentre as personagens femininas de Temeria, o aventureiro, forte e ao mesmo tempo dramático, parece ser simplesmente irresistível, e as situações criadas a partir disso serão cômicas, picantes e muitas vezes, emocionantes.



A essa altura já percebi que meu texto não encontrará uma conclusão tão cedo se eu continuar citando os pontos marcantes da obra, então terei que me controlar. Resta apenas dizer que após cerca de 6 meses imerso nesse universo, tendo lido os livros, assistido versões resumidas do gameplay dos 2 primeiros jogos baseados na saga, e terminado "The Witcher 3: Wild Hunt", jogo que finaliza a saga do bruxo Geralt com quase 150 horas de gameplay, posso dizer que foi uma das experiências mais marcantes que já tive. A sensação é a de ter vivido uma vida inteira em apenas 6 meses. E a saudade que Geralt, seus amores e amigos deixaram, chega a ser cruel. E é assim que percebo que a saga, seja livro ou jogo, é perfeita.





Geralt de Rívia será sempre aquele velho amigo, que eu nunca irei esquecer, que será motivo de sorrisos solitários ao lembrar, e que espero encontrar novamente, algum dia quem sabe, em alguma aventura por aí..

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O Velho, o Novo e o Jurássico

Eu assisti ontem o filme Jurassic World.

Quem me conhece um pouco sabe, que eu estava tremendamente ansioso para esse filme. Afinal Jurassic Park foi e sempre será parte importante da minha história. Eu não sou crítico de cinema, não acho que tenha capacitação para isso, mas a paixão é grande demais para ficar guardada no peito e resolvi escrever esse curto texto a respeito da experiência que tive..



Fazer um novo Jurassic Park, não era tarefa fácil, na verdade, era uma das tarefas mais difíceis da história do cinema. Existem clássicos, existem filmes nostálgicos, existem obras que marcam gerações, e aí existe Jurassic Park, sozinho, muito a frente. Dizer que esse filme marcou a infância de muitos é pouco, porque para muitos (MUITOS mesmo) esse filme FOI a infância, a representação perfeita dela.

A beleza do desconhecido que se revela, a magia do impossível, o medo do monstro que ao mesmo tempo causa paixão. Sentimentos que não somente marcam, definem.





Então vem esse novo filme, com a missão impossível de entregar ao publico de 22 anos atrás, sua infância de volta, sem repeti-la ao pé da letra é claro, e ao mesmo tempo dar a uma nova geração, uma nova infância, aquilo que ela deseja, que ela procura quando vai ver um filme sobre dinossauros. Pais e filhos, duas gerações, uma tela.

Mas e aí? Como cumprir essa missão impossível? 


Bem, vá ao cinema, e você verá. Jurassic World é talvez um dos filmes mais corajosos do cinema atual, ele tem a coragem de ser novo, e principalmente, de ser velho. De colocar o passado e o presente colidindo, rodopiando e explodindo na tela, numa viagem no tempo maravilhosa. Cada detalhe está lá, renovado, revisto, revitalizado. 


Ele dá aos fãs antigos o que eles querem, entrega um filme digno do cânone, fiel a paixão, que consegue trazer os velhos sentimentos de volta, mas ao mesmo tempo é um filme totalmente diferente, modelado para funcionar para uma nova geração, mais voraz, dinâmica e moderna. E em vários momentos do filme essa questão do velho e do novo estão presentes, como quando dois personagens se encaram (os personagens mais improváveis do filme) e você vê na tela, a metáfora perfeita.




Resumindo, assistir Jurassic World não é só voltar no tempo, pois para isso Jurassic Park sempre estará na estante para ser revisto. Assistir esse filme é ser criança de novo, não aquela criança, uma nova, hoje. E esse é o maior presente do mundo.

Obrigado Jurassic World.



quarta-feira, 3 de junho de 2015

O que ser quando crescer

Bem, é isso, eu criei um blog.

Muita gente acredita que blogs, em seu formato original, estão acabando. Eu não acho isso, acho somente que os blogs mudaram, se adequaram a uma internet que tem urgência em conteúdo, ao público que está sempre sedento de novidades. Talvez por esse motivo, um pouco do intimismo dos blogs, que particularmente era algo que eu gostava muito, tenha se perdido.

Mas esse não será esse tipo de blog "transformado e adaptado". Não. Este será um blog a moda antiga, em que eu vou publicar meus pensamentos e idéias. Não pensem que é algo egocêntrico demais, não é como se eu pensasse que minhas idéias vão arrastar multidões de leitores, não. A questão é que quem lida com algum tipo de trabalho de contar histórias, sabe que as vezes, é difícil não enlouquecer.
Idéias demais, histórias demais, projetos demais na cabeça, parece as vezes que vivemos num turbilhão de pensamentos inacabados, e isso pode ser muito problemático. Então ter um local onde despejar um pouco dessas coisas, como um blog, se faz muito útil. E é claro, se o caos da minha mente, transformado em texto e imagens, interessar alguém, bem.. o blog é público por essa razão.

Mas vamos ao que interessa, meu primeiro post.

O título do post pode parecer estranho, mas a primeira coisa a dizer nesse blog que se intitula "Contando Boas Histórias" é dizer como e por que, pra mim, contar histórias é uma escolha de vida, um caminho a seguir.

Enquanto ainda moleque, na infância mesmo, eu gostava de desenhar, mas diferente da maioria das crianças que também tinham esse gosto pela arte do rabisco, eu não queria somente copiar os desenhos dos personagens que eu gostava, eu tinha essa vontade nata de tentar alterá-los, criar amigos para eles, ou inimigos as vezes, eu tinha uma necessidade de tornar aquilo que eu tanto gostava nos desenhos, algo meu. Logo, eu passei a desenhar curtas histórias em quadrinhos, toscas, mas minhas, e eu decidi: quero ser desenhista de quadrinhos quando crescer!

Logo que minha meninice foi acabando, e minha adolescência começou, veio uma paixão arrebatadora pelos desenhos animados. Ah os desenhos animados! Muitos dos quais eu fui saber mais tarde, que se tratavam de animes. Eu amava cada detalhe de cada obra que conhecia, e é claro, desenhava tudo. Meus desenhos nunca faziam jus as fantásticas cenas que eu via na TV, mas era o que eu sabia (ou achava que sabia) fazer, então eu fazia, sempre alterando, remodelando, criando... então eu decidi: quero ser animador quando crescer!

Ainda na adolescência, vieram os filmes, a paixão arrebatadora pelo cinema. Por pura curiosidade e vontade de saber mais daquele universo que pra mim era tão.. mas TÃO distante, decidi passar a comprar com meus surrados trocados, algumas revistas de cinema, que falavam sobre diretores, roteiristas, atores.. e comecei a me aprofundar naquele pequeno universo, até que descobri por puro acaso, que existiam faculdades de cinema no Brasil. Aquilo explodiu minha mente, e não demorou para eu decidir: quero fazer cinema quando crescer!

Mas.. a vida vai, a vida vem, os anos de adolescência foram ficando para trás e devido a diversos problemas, muitos de cunho financeiro, acabei numa faculdade de computação. Mas isso não foi tão inesperado quanto o texto fez parecer até aqui. Acontece que uma outra paixão que eu tinha, que me acompanhou por todos esses anos, eram os games. Uma paixão imensa, que não importava quanto tempo passasse, não diminuía ou se alterava. Então, por conta de ainda me manter próximo de certa forma dessa paixão, e pelo fato do mercado de computação se apresentar tão promissor financeiramente, para mim que não tinha nem onde cair morto, a escolha foi um tanto quanto óbvia.

Então, agora mais próximo da tecnologia, aprendendo a arte mágica da programação, me ocorreu algo fantástico, que eu poderia fazer os meus próprios jogos, contar minhas histórias de forma interativa, fazer as pessoas sentirem emoções, com base na tecnologia, eu então decidi: quero fazer games quando crescer.

Bem, a esta altura, eu já era bem grandinho, e com isso em mente, passei anos arquitetando formas de desenvolver meus jogos, e cheguei a desenvolver alguns, mas o fato é que a vida real pode ser bastante desmotivadora as vezes. Cheguei a um ponto da vida, em que a idade e a situação social te forçam a se ajustar, para não usar aquela palavra terrível.. se acomodar. E então, eu estava prestes a fazer isso, prestes a me conformar que o lugar de todas as histórias, idéias, pensamentos, quadrinhos, jogos, filmes que eu tinha imaginado, eram mesmo somente dentro da minha cabeça. Comecei a me acomodar, a me perder, e logo, comecei a definhar. Literalmente, em depressão e vazio..

Mas aí algo aconteceu, um estalo, algo que eu nem sequer sabia que existia eclodiu dentro de mim, e uma grande causa disso ter acontecido, foi por ter assistido o vídeo abaixo, que talvez alguns de vocês já conheçam. Bem, para mim, esse vídeo, foi tudo o que eu precisava..



As palavras explodiram minha mente, e eu finalmente entendi, que eu não era louco, que todas as coisas que eu queria ser quando crescesse, tinham algo em comum, todas contavam histórias. E era isso, que eu queria, que eu quero, e que eu preciso para viver. Foi então que eu decidi, e isso não faz nem dois anos, que eu seria um contador de histórias, fosse como fosse, era esse meu destino, e independente de algum dia eu ter sucesso ou não nele, eu estava disposto a morrer tentando. Era o que me manteria vivo.

E assim, eu comecei a trabalhar, estudar, evoluir. Passei anos demais sem desenhar, então o pouco que sabia, tive que reaprender, e acabei descobrindo que era muito, muito pouco. Mas não importava, e não importa. Hoje eu sei que tenho um longo caminho pela frente, e que meus passos são curtos, e que nem todo dia posso caminhar com eles, pois a vida ainda continua cobrando com suas responsabilidades. Esse é o trabalho dela, cobrar, colocar obstáculos, talvez até mesmo, para que a viagem seja ainda mais desafiadora, e por que não dizer.. divertida.

Como eu estou dando meus primeiros passos? Bem, hoje eu desenho uma webcomic animada e interativa (quadrinhos + animação + games, ora quem diria..), estou desenvolvendo uma história para um quadrinho impresso, faço artes por encomenda, e estou sempre tentando aprender, estudar e evoluir minha arte, seja como ilustrador, seja como escritor. Como eu disse, estou dando meus primeiros passos, e a estrada é longa. Mas uma coisa eu posso dizer, com certeza, sem nenhuma sombra de dúvida. NADA me fará parar de caminhar.

Grande abraço e até breve!